terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Quanto custa uma campanha para deputado?




Escrito por Fabiana gonçalves

*Por: Adriano Oliveira

Desconheço algum trabalho na área de Ciência Política que busque compreender a dinâmica da eleição proporcional. A compreensão dessa dinâmica é possível a partir da seguinte indagação: o que contribui para um candidato a deputado vencer a eleição? O candidato pode fazer outra pergunta, a qual está associada a esta, qual seja: o que é preciso fazer para vencer a disputa do Parlamento?
Pesquisas do Instituto Mauricio de Nassau (IMN) realizadas em 2009 revelam que 68% dos eleitores pernambucanos não têm, ainda, candidato a deputado federal ou estadual. Constato, portanto, que o mercado de votos está disponível para os candidatos. É ainda o momento para os candidatos adentrarem em campo. Raciocínio, em parte, errado.
Não tenho condições teóricas no momento para explicar a dinâmica da eleição proporcional. Mas tenho condições de iniciar a explicação. Parlamentares ou candidatos ao Parlamento frisam, por exemplo, que possuem 10 prefeitos. Em razão disto, terão cerca de 40 mil votos para deputado estadual. Desta forma, constato que o número de prefeitos importa para explicar o sucesso de um candidato ao Parlamento.
Suponho que os prefeitos controlam votos no interior. Ou como frisa um parlamentar: “Um prefeito bem avaliado controla uma banda do eleitorado da cidade. A outra banda é controlada pelo opositor”. Isto significa que os candidatos ao Parlamento na eleição deste ano já estão em campo há um bom tempo. Pois, não se conquista prefeito de um dia para o outro. Será?
O apoio de vereadores e de lideranças políticas, as quais não ocupam cargos no poder estatal, também importa. Eles, assim como os prefeitos, farão (fazem) parte do grupo político que apoiará dado candidato ao Parlamento. Através da força do grupo político, o candidato especula quanto votos terá após a abertura das urnas.
Ressalto que em razão da campanha não ter começado, os eleitores não sabem em quem votar. Contudo, quando os grupos começarem a agir, o percentual de indivíduos que não sabem em quem votar tende a diminuir – isto é uma hipótese.
E os votos de opinião, estes existem? Não tenho condições de responder a esta pergunta no momento. Mas é possível que ele exista. Quem são os indivíduos que dão os votos de opinião? Tenho como hipótese que eles são os que não sofrem influência dos grupos políticos – primeira característica. A segunda hipótese é de que são indivíduos que possuem autonomia
perante os benefícios do estado. E, por fim, são indivíduos que se declaram satisfeitos com a ausência do estado em suas vidas. Friso que estas hipóteses precisam ser comprovadas através de pesquisas de opinião e de argumentação teórica.
Uma pergunta fundamental: quanto custa uma campanha para deputado? De acordo com o deputado Antônio Moraes, em entrevista à Folha de Pernambuco (08/02/2009), o voto tem preço. Segundo Moraes “Um voto hoje para alguns que estão pagando chega a R$ 130,00, R$ 140,00”. Neste sentido, concluo que um deputado para ter 30 mil votos precisa gastar cerca de três milhões de reais. Este é o valor aproximado de uma campanha para deputado estadual?
Outra indagação: como financiar os custos desta campanha? Uma outra: é vantagem, ou melhor, é racional gastar tanto (investir tanto) para ser deputado estadual, por exemplo? Analisando sob a ótica empresarial, acredito que não. Mas, talvez, o prestígio fale mais alto. Ou outros fatores importam, os quais não consigo enxergar.
*Adriano Oliveira é doutor em Ciência Política e professor adjunto do Departamento de Ciência Política da UFPE (adrianopolitica@uol.com.br)

Um comentário:

  1. Como candidato a vereador, obtive 36 votos e só gastei 46 reais. Portanto, cada voto custou apenas... Felizmente o partido me dera "santinhos" e gasolina.

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