quinta-feira, 10 de junho de 2010

Caso FUNDARPE:Desabafo deixa Palácio incomodado


Entrevistas da presidente da Fundarpe nas rádios provocou mal-estar ao longo do dia e fez com que governador convocasse reunião com núcleo político

Embora pessoas ligadas ao governo assegurem que a presidente da Fundarpe, Luciana Azevedo, estaria recebendo total respaldo durante a crise, há quem afirme que ela teria realmente sido “jogada aos leões”. Nas entrevistas que concedeu ontem, dois aspectos ficaram evidentes: a forte pressão a que a ex-vereadora estaria submetida e a sensação de que ela teria sido deixada sozinha no jogo. A prova da falta de afinação com o comando foi o desagrado do Palácio com as suas declarações nas entrevistas. Aliados chegaram a afirmar que ela teria demonstrado “desequilíbrio”. O clima pesou tanto que, ao longo do dia, interlocutores caíram em campo para esfriar os ânimos. Mesmo assim, Luciana desistiu de participar da cerimônia de reabertura do Cineteatro Apolo, em Palmares (Mata Sul), ao lado do governador Eduardo Campos (PSB). Segundo auxiliares, ela teria se sentido mal.
O governador – que em público não quis falar sobre o assunto (leia na página 7) – convocou para a noite de ontem uma reunião do seu núcleo político, o chamado “gabinete de crise”, para analisar o cenário. Com isso, deixou claro que a atuação da presidente da Fundarpe estaria na berlinda. Segundo um assessor palaciano, a insatisfação começou no momento em que ela baixou uma portaria sobre políticas culturais, em agosto de 2009, extinguindo o privilégio de deputados estaduais – governistas e de oposição – de destinar verbas para festas e eventos, o que gerou uma crise com a Assembleia.

Luciana Azevedo explicou que decidiu mudar o “modus operandi” adotado por governos anteriores como forma de garantir maior rigor na distribuição dos recursos para projetos culturais, por meio de convênios e editais. Mas as retaliações dos deputados viriam rápido. Uma delas foi impor ao governo sua primeira derrota na Assembleia, exatamente na votação do projeto que abria um crédito suplementar de aproximadamente R$ 3 milhões para o Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), gerido pela Fundarpe. Foi necessário muito suor dos articuladores governistas para reverter o processo e garantir que a matéria fosse aprovada em uma segunda votação, no dia seguinte.

Desde que a eclodiu a crise, aliados de Luciana Azevedo queixavam-se da falta de uma ação realmente efetiva por parte do governo em defesa dela. Enquanto o respaldo não vinha, eles próprios se mobilizaram. No início do mês, colocaram na internet um twitter e o blog “Amigos de Luciana Azevedo”, no qual contam sua versão do caso.

Na sexta-feira passada, artistas e produtores culturais aproveitaram a solenidade de lançamento de novos Pontos de Cultura, no Cinema São Luiz, para divulgar um manifesto de apoio a Luciana, condenando a exploração “eleitoreira” do tema. E saíram em passeata até a Assembleia para entregar o texto aos deputados. Anteontem, foi a vez de a própria Fundarpe publicar uma nota oficial nos jornais, prestando esclarecimentos à opinião pública sobre o assunto.

Jornal do Commercio

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