quinta-feira, 10 de junho de 2010

Caso FUNDARPE:Luciana acusa “mamatinha” na Assembleia e aprofunda crise


Num desabafo em meio à crise da Fundarpe, presidente denuncia esquema de troca de favores políticos e diz que cortou a “mamatinha” dos deputados

A presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Luciana Azevedo, denunciou ontem que um esquema de troca de favores políticos existiu na fundação que preside, em prol de apoio ao governo do Estado na Assembleia Legislativa, e que, por ela ter barrado esse suposto esquema através de uma portaria, vieram as denúncias de irregularidades contra a sua gestão. Ela denominou a ação como “mamatinha” e concessão de “presentinhos” aos deputados, inclusive os de oposição.
Em entrevistas à Rádio Olinda e à Rádio Folha, Luciana Azevedo terminou admitindo que a gestão chancelou medidas “ilegais”, praticadas por uma “quadrilha” formada no governo passado (Jarbas). Exaltada, a presidente do órgão – questionado há dias – somou ao escândalo novas informações, mas não esclareceu quais os artistas receberam R$ 62,6 milhões, no atual governo, de empresas suspeitas, desconhecidas da cena cultural pernambucana. O consenso nos bastidores políticos é que a postura da gestora – que ficou isolada no episódio das denúncias contra a Fundarpe – constrangeu a Assembleia e o governador Eduardo Campos (PSB), tornando sua saída inevitável.

Ao tentar acusar o deputado de oposição Augusto Coutinho (DEM) – que solicitou oficialmente auxílio da Fundarpe para festas juninas em suas bases e foi atendido – de ter cometido “ilegalidade”, Luciana terminou por apontar a acusação para sua própria gestão, que executou o pedido. Ela também afirmou que um grupo de deputados, para “extorquir” verbas, utilizou a Fundarpe em troca de apoio político no Legislativo. A ex-vereadora é a responsável pelo órgão desde o início de 2007.

“Eles (deputados) estão deixando de aprovar projetos em favor do povo para extorquir do governo recursos para, em nome da cultura, desenvolverem eventos. (...) É por isso que a população fica se questionando: ‘Oxente, eles tinham votado contra e agora estão tudo a favor?’ É porque conseguiram projetos na área de cultura para poder abençoar (os projetos)”, afirmou Luciana Azevedo à Rádio Olinda.

Questionada se os deputados têm o direito de agir dessa forma, Luciana respondeu primeiro que “não”. Depois, disse que “a política anterior (nova referência ao governo Jarbas) era uma farra” permitida.

“Todo mundo sabe que é por aí (via Fundarpe) onde saem os presentinhos para os deputados da oposição poderem aprovar os projetos em nome do povo”, acrescentou. Ao mesmo tempo que considera essa ação uma “bagaceira” vinda da gestão anterior, Luciana deixou evidente que isso aconteceu sob sua administração até agosto de 2009, antes da portaria Nº 5. “Eles (deputados) deixaram de receber a mamatinha, deixaram de receber no Natal (2009), por isso que essa pressão veio e eu deixei morrer”, explicou. Questionada, a presidente admitiu que governistas também se beneficiaram. Mais tarde, falou de “moralização”: “O Brasil está cansado desses políticos que extorquem dinheiro para aprovar projeto.

Jornal do Commercio

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