quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Joaquim Barbosa: "Me submeto a qualquer perícia de junta médica"


O ministro do STF diz que não pode ficar mais do que 20 minutos sentado ou em pé e afirma que está "indignado" com a repercussão na imprensa de sua licença médica

Kátia Mello
Época


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa encontra-se em meio a um fogaréu por conta de sua licença médica. Em abril deste ano, o ministro tirou 60 dias de licença e há um mês a prorrogou pelo mesmo período. O jornal O Estado de S.Paulo publicou reportagem em que o ministro estaria frequentando festas e bares durante seu afastamento (a repórter responsável pela reportagem foi procurada e não foi encontrada para comentar sobre a acusação***). Barbosa sofre dores crônicas na região lombar desde 2008 e, em novembro do ano passado, renunciou ao cargo de ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por conta de sua condição física.

Em entrevista exclusiva a ÉPOCA, o ministro fala de suas dores crônicas e de sua indignação com o que está saindo na imprensa. "Tenho dores crônicas na região lombar e no quadril. Não consigo passar mais do que vinte minutos diretos sentado ou em pé", disse. ÉPOCA também entrevistou a médica do ministro, Lin Yeng, do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo, que confirmou as fortes dores de seu paciente e explicou o tratamento.

***ÉPOCA procurou ouvir, na terça-feira (10), o jornal O Estado de S.Paulo a respeito da fala do ministro. No dia seguinte, o chefe da sucursal de Brasília do jornal, João Bosco Rabelo, ligou para a redação da revista. Abaixo, a íntegra o comentário do jornalista:

Diferentemente do que ele afirmou na nota, a repórter de O Estado de S.Paulo não é a autora das fotos que mostra o ministro numa festa ou num bar. Diferentemente do que ele afirma na nota, a repórter não esteve presente à festa realizada em 6 de agosto de 2010 e nem foi ao local que o ministro identifica "ambiente residencial privado". A repórter procurou pelo ministro no bar do Mercado Municipal em Brasília, no sábado (7), por volta das 17h. O bar é um local público e a repórter se identificou. Ele, Joaquim Barbosa, disse que não falaria com ela. As fotos do ministro no bar foram feitas pelo fotógrafo do jornal devidamente identificado. Quanto à alegação de que ela deveria tê-lo procurado pelo celular, esse argumento fica anulado porque ela o abordou pessoalmente. Além disso, a repórter, que cobre o setor, sempre procurou o ministro por meio de sua assessoria. Nesta ocasião, ele alegou que ela deveria tê-lo procurado antes.

ÉPOCA – Como o senhor está vendo a repercussão da sua licença médica na imprensa?
Joaquim Barbosa – Indignado. É esta a palavra.


ÉPOCA – O jornal O Estado de S.Paulo publicou no sábado (7) uma reportagem em que diz que o senhor está frequentando bares em sua licença.
Barbosa – A repórter Mariângela Galucci do jornal O Estado de S. Paulo invadiu ilegalmente a minha privacidade***, me fotografou clandestinamente em ambiente residencial privado, me espionou no fim de semana, quando eu me encontrava com amigos e, ainda por cima, colocou dúvidas sobre o estado de minha saúde. Isso é inaceitável. Todos os repórteres que cobrem o tribunal têm o meu celular. Outros repórteres que não cobrem, com quem eu falo com frequência, também têm o meu celular. Ela fingiu que ligou para o outro lado. Ela ligou para o meu gabinete, sabendo que eu estava há três meses em tratamento em São Paulo, quando ela poderia ter falado diretamente comigo.


ÉPOCA – O senhor está ingerindo bebidas alcoólicas?
Barbosa – Há dois meses não coloco uma gota de álcool na boca.


ÉPOCA – Qual é exatamente o motivo de sua licença médica?
Barbosa – Eu tenho dores crônicas na região lombar e do quadril. Quando eu fico de mais de 20 minutos diretos em pé, sentado, ou caminhando, eu sinto muitas dores. O problema na lombar é mais antigo, estou há mais de três anos cuidando. Há três meses faço um novo tratamento e essa dor já melhorou cerca de 50%.


ÉPOCA – Por que o senhor renunciou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em novembro do ano passado?
Barbosa – Por causas das dores intensas. É bom lembrar que no período decorrido entre maio de 2008 e novembro de 2009, eu acumulei dois cargos: de ministro do Supremo Tribunal Federal e de ministro do TSE, o que acarretava jornadas de trabalho às vezes superiores a 14 horas, principalmente no período das eleições municipais de 2008. As dores se intensificaram a partir do primeiro semestre de 2007, antes do mensalão. Eu fiz todo o mensalão em pé. Hoje faço tratamento em uma clínica especializada em dor, dirigida pelos maiores especialistas nesta área no Brasil, a doutora Lin e o doutor Manuel Jacobsen.


ÉPOCA – Como é o tratamento?
Barbosa – Por semana, faço duas sessões de agulhamento seco, que não é a mesma coisa que acupuntura. Faço também cerca de quatro tipos de fisioterapia diferentes. Eu tenho acompanhamento médico quase que diário, com especialistas médicos, como fisiatras, reumatologistas, ortopedistas e clínico geral. Além de tomar muitos medicamentos.


ÉPOCA – O presidente do STF, ministro Cezar Peluso, indicou que o senhor talvez tenha que passar por uma perícia médica, caso queria prolongar seu afastamento. Está disposto a fazer isso?
Barbosa – Estou disposto a me submeter a qualquer junta médica. Aliás, o meu caso está fartamente documentado no serviço médico do STF, composto de vários médicos que têm acesso a meu dossiê.

Entrevista com a médica do ministro, Lin Yeng, do Centro de Dor do Hospital das Clínicas, em São Paulo


ÉPOCA – Qual o diagnóstico do ministro Joaquim Barbosa?
Lin Yeng – Ele tem uma lombalgia e uma pequena artrite, que está sendo tratada com um tratamento multidisciplinar, com uso de remédios, inclusive para dor, e fisioterapia. Ele faz terapia na piscina, agulhamento em pontos dolorosos e um trabalho para melhorar a qualidade do músculo.


ÉPOCA – O ministro disse que tem dores crônicas, que o impedem de ficar mais de 20 minutos sentado. Por quê?
Lin – Por causa da dor crônica, ele tem um desequilíbrio músculo ligamentar e uma artrite que está sendo tratada. É por isso que ele não está bem ainda. Ele está fazendo o tratamento e não é de um dia para o outro que vai conseguir condicionar seu corpo. Como ele ainda está no meio do tratamento, não tem condição de ficar por muito tempo em pé ou sentado.


ÉPOCA – Existe previsão de quanto tempo esse tratamento vai durar?
Lin – Nenhum médico pode falar exatamente o tempo de tratamento, mas ele já melhorou muito. Ele foi avaliado pelo neurocirurgião Manuel Jacobsen Teixeira, do Centro de Dor do Hospital das Clínicas. E foi visto por ortopedistas, reumatologistas para fazermos um diagnóstico da dor dele. Baseado nisso, estamos fazendo um tratamento mais especializado. Ele está tomando analgésicos e levando agulhadas onde está inflamado. Não adianta liberar agora para ele voltar ao trabalho. O que estamos fazendo é um condicionamento físico para poder otimizar o corpo dele e fazer com que ele volte ao trabalho.


ÉPOCA – O ministro está consumindo bebida alcóolica?
Lin – Ele até pode beber, mas não está.

Um comentário:

  1. Alguma informação do concurso de Águas Belas?
    Pelo amor de deus!

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