quinta-feira, 27 de maio de 2010

Endereços fantasmas no caso da Fundarpe


A casa de um pescador, em São Lourenço da Mata, é informada como a sede de uma das empresas que receberam recursos da Fundação

Gilvan Oliveira
Manoel Medeiros Neto

politica@jc.com.br

Três das empresas contratadas pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) para realização de eventos, entre janeiro de 2009 e abril de 2010 – com gastos de R$ 60,2 milhões, sem licitação – forneceram à Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe) endereços fantasmas. Foi o que constatou ontem a reportagem do JC, ao visitar os respectivos endereços. Dos três “visitados”, dois não existem e no terceiro mora um pescador e sua esposa há 28 anos. O casal assegura nunca ter funcionado uma produtora de eventos no local. As empresas procuradas receberam juntas R$ 2,92 milhões.

Para encontrar as três empresas contratadas pela Fundarpe, todas localizadas no bairro de Penedo, em São Lourenço da Mata (Região Metropolitana), a reportagem tomou por base os endereços constantes em certidões da Jucepe. Na Rua Fonseca Galvão, nº 198, deveria funcionar a Expresso Produções e Eventos, que faturou R$ 1,66 milhão entre 2009 e 2010. Mas no local – uma casa simples, de dois andares – reside o pescador José Vicente da Silva, 56 anos, e sua esposa, a dona de casa Valdenice Ana da Silva, 52. Ele ficou surpreso ao ler o documento da Jucepe onde aparece o endereço dele como sede de uma empresa com faturamento alto.

Vicente contou que ele mesmo construiu o imóvel em 1982 e o ampliou recentemente, acrescentando o primeiro andar. Ele e a esposa moram no andar de cima e alugaram o térreo por R$ 170, para aumentar a renda familiar, que gira em torno dos R$ 400, segundo informaram. E nunca ouviram falar na Expresso Eventos. “Alugamos a parte de baixo para um casal, mas eles não mexem com essas coisas, não”, assegurou. O casal estava ausente.

A dona de casa Valdenice Silva disse que desde o início do ano tem chegado correspondências na casa, endereçadas a Daniela Carla Marques e Silva, que figura como sócia da Expresso Eventos ao lado Joabson Guerra da Cunha. “Nunca ouvi falar nessa pessoa. Liguei para o Correio e eles me orientaram a devolver tudo. Foi o que fiz”, revelou.

A cerca de 300 metros dali, na avenida Clodoaldo Gomes de Araújo, nº 186, deveria funcionar a Rápido Produções e Eventos, que recebeu da Fundarpe R$ 523,9 mil só este ano. Mas na avenida, a principal do bairro de Penedo, não existe o número 186. A reportagem perguntou a moradores das casas com números próximos ao 186, e ninguém sabia de uma casa com aquela numeração ou da existência da empresa.

O mesmo caso de endereço inexistente aconteceu com a empresa Muito Mais Produções e Eventos, que recebeu R$ 740,3 mil em 2009. Ela deveria funcionar na Rua Capiba, nº 230. Mas, além de não constar esse número, o local revelou-se incompatível para instalação de uma empresa de eventos. De acesso difícil, com vias de terra batida, a Rua Capiba é praticamente na zona rural de São Lourenço da Mata. No local, há pouco mais de 10 casas, cada uma distanciada da outra em cerca de 100 metros, lembrando pequenos sítios. Os moradores abordados disseram nunca ter ouvido falar na empresa ou em qualquer outra instalada no local.

O JC procurou a Fundarpe para comentar o fato de empresas com indícios de serem fantasmas terem recebido dinheiro público, e quais os eventos promovidos para justificar os R$ 2,92 milhões gastos com elas. Mas a assessoria de comunicação da entidade informou que só prestará esclarecimentos “aos órgãos oficiais”, e não à imprensa, acrescentando que já respondeu a três pedidos de informação da bancada de oposição na Assembleia.

Um comentário:

  1. ESSA TURMA DO PT DA LUCIANA AZEVEDO ESTÁ NO MIOLO DE UM PAIOL DE PÓLVORA DE COMBUSTÃO ESPONTÂNEA OU INSTANTÂNEA..........
    P.S.: - O QUE SERÁ QUE ESSA FUNDARPE PINTOU PRA ESTAS BANDAS DE GARANHUNS?!?!?! VAMOS AGUARDAR!!! TANTANTANTÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃ...........

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